A relevância de um evento como o Pan no Brasil vai além dos benefícios econômicos, é essencial para a educação do povo. Entende-se por educação não só a influência dos atletas nas novas gerações de crianças e adolescentes do país, como também o respeito pelo esporte. Os brasileiros têm mostrado não saber como torcer nos jogos. A presença da torcida é importante e estimula nossos atletas, mas o comportamento dela não só está fugindo ao ideal como causando constrangimento. Talvez essa falha seja justificada pelo costume com o futebol, o xodó nacional, onde a torcida desempenha o papel do 12° jogador e a rivalidade é essencial. Porém, quando se trata de esportes individuais o posicionamento e função do torcedor é outra, e é inaceitável qualquer tipo de manifestação que possa vir a tirar a concentração do atleta. Todos eles treinaram exaustivamente e estão aqui para mostrar o melhor que fazem, vaiá-los mostra uma total falta de percepção do espírito esportivo. Acredito que aprendemos muito com nossos erros, parabéns para os atletas estão chamando atenção para essa falha de nossa torcida.
Entre nossos bons exemplos destaco a Fabiana Mure, que fez questão de se posicionar contra (com seu jeitinho super simpático) a postura dos brasileiros que têm vaiado os atletas de outras delegações. Fabiana treinou com a lenda do atletismo, Yelena Isinbayeva, e com certeza a Russa agregou muito à saltadora que garantiu esse ouro no Pan e promete medalha no Mundial que se aproxima.
Isinbayeva é uma recordista nata, vive batendo seu próprio recorde, que atualmente é a marca de 5,01 m. Ela não é brasileira, mas é um fenômeno e cada vez que a vejo torço para que se supere. Assim como vibrei com a apresentação precisa da americana Shawn Johnson, ela fez bonito, lindo, mostrou que é uma grande ginasta e promessa de muitas medalhas para a Olimpíada de Pequim em 2008. A loirinha sofreu com a falta de educação dos brasileiros, mas meu otimismo em relação ao aprendizado que esse Pan pode significar surgiu justamente a partir dela. As americanas ganharam o ouro em disputa direta com as brasileiras e quando a torcida já soltava as primeiras vaias Daniele Hypólito impulsionou os aplausos. Espero que fique a lição!